sábado, 16 de agosto de 2008

Vamo que vamo... já começou!

Terça-feira, dia nem quente nem frio, nem com muito trânsito e nem completamente livre. Acordei nem muito tarde, nem muito cedo, talvez com um pouco de fome, mas não muito tambem. A lembrança ansiosa batia constantemente em meus pensamentos: hoje é dia... ja começou tudo pra valer! Engraçado é ver tudo isso sem o significante que traz o significado para tal... Pois bem, traduzindo: Terça feira, dia normal, se não fosse por um show um tanto emblemático, SESC POMPÉIA. Dilei, banda que ainda traça suas pegadas na cena independente de SP, iria enfrentar o acalorado palco deste lugar, que "venhamos e convenhamos", é visto por aqueles que estão sobre ele como um altar das possibilidades e, por aqueles que o contemplam de perto, como uma vitrine de possíveis encantamentos.

O horário de encontro foi estipulado como o inicio da tarde, e obviamente, ja nas portas do SESC. Cada um de nós, e todos aqueles que nos ajudaram nesse dia, foram para la separadamente, no entanto, certamente uma apreensão gostosa nos unia e não nos deixava esquecer de nossa maior intenção: causar um impacto grande e poderoso em nosso público. Fui o primeiro a chegar, ja encantado com a estrutura do lugar procurava um rosto conhecido, encontrei Caio, nosso câmera e ex-companheiro de escola. Em questão de 10 minutos todos ja estavam lá, juntos no camarim dividindo experiências, ansiedades e acima de tudo falando um número consideravelmente alto de besteiras e piadas sem graça. Todo o agito da tour nordeste realmente ja havia começado. Dado o horário da passagem de som nos dirigimos para a entrada da chopperia do SESC, a primeira expressão, quase que em unísono foi: "nossa... é gigante, será que vai ter gente?" A montagem começa com a pontualidade usual dos organizadores do evento e tudo está em otimo estado e sempre a mão. Sob o olhar cuidados e acolhedor de nosso produtor Barizon, os cabos começa a ser desenrolados e os instrumentos timbrados. É importante lembrar, que a praticidade de todos os acontecimentos é de total mérito de uma equipe técnica capacitada e de muito bom humor. Uma vez que tudo estava timbrado, afinado, regulado e todos se ouviam, inclusive Fabio, fizemos uma breve passagem de som. Frases clichês entre nós ecoavam pela chopperia que ainda parecia uma caverna que iria nos engolir: "passa uma com o cello, aumento aqui o efeito, vamo que vamo, sobe o bandolim...diminui os "samplers" çulera motora!" Uma pequena platéia aprecia nosso micro-show, com certeza se Chacrinha estivesse la não ganhariamos uma buzinada...Ou seja, tocamos pouco mas conseguimos perceber que era o suficiente para nos tranquilizarmos e nos concientizarmos de que poderiamos ficar calmos que tudo iria sair bem.
Voltamos ao camarim e ficamos concentrados ja com a cabeça em nossos instrumentos e o coração plugado nos amplificadores. Era hora, foram anunciados aqueles 5 ultimos minutos que demoooooooram à passar, mas finlamente passam e la estamos nós em fila indo através da cozinha do local rumo a lateral do palco, onde Rafinha, irmão do Favio, nosso roadie e companheiro nos espera. Dado o "ok" ele sobe ao palco e dispara nossa vinheta de abertura, "POEIRA ONDE HAVIA AREIA" uma poesia tipicamente folclorica quase que saida de uma das obras de Ariano Suassuna. Subimos ao palco depois de abraços e tremedeiras, o público que nessa hora ja era bastante grande só era capaz de ver nossas silhuetas e as luzes de "stand by" de nossos amplificadores e pedais.
Na contagem feita pelas baquetas atentas iniciou-se DEFINITIVAMENTE nossa empreitada rumo ao nordeste. As luzes acenderam ao primeiro acorde de nossa "INTRODUÇÃO"...Daí pra frente, risos, improvisos, expressões de concentração e uma cumplicidade integral dentro palco reinou até o ultimo acorde do show...Saímos do palco em meio a aplausos e abraços daqueles que admiramos, que agora nos prestam a homenagem e a honra de nos admirarem.
Fim de noite, cada um novamente separado e em casa...Esperando o proximo show.
Araraquara, Caibar: uma viagem, mas não mais uma, a primeira da tour. Fomos novamente em caravana saida de nosso estúdio rumando para as expectativas que alimentamos, e é claro cobrando Rafinha de um rádio no carro!
A chegada no local do show foi marcada por surpresas, a maior dela era do tamanho da cidade: realmente não sabiamos o quanto grande e bem estruturada era Araraquara. Hotel. Quarto. Banho. Fome. Pizza. Hotel. Show.
Chegamos ao bar, um contraste doído para quem acabara de sair do SESC POMPÉIA. De um palco tão grande que os olhares só se cruzamvam em meio as musicas por apreciação da técnica e do espirito individual do outro, para um pequeno local onde o calor era tão próximo que os braços de nossos instrumentos se atracaram na passagem de som.
Dividimos o show com outra banda, Voluta, que encerrou a noite em grande estilo com um rock n´roll despretencioso e lotado de simpátia. Dilei tocou menos do que normalmente, adaptamos nosso repertório, deixando-o mais curto mas ao mesmo tempo liberando espaço para improvissos e ritmos novos surgidos de uma comunicação não verbal.
Voltamos ao hotel e logo a nova manhã chegou. Café da manhã, carro, pedágios, brincadeiras, São Paulo, metrô, casa....
Agora estamos na espera de nossa primeira viagem rumo ao calor da terra do Cordel. Eu, particularmente, acordarei em mais um dia normal, mas que estará lotado de expectativas e ansiedade gostosas tais como as que antecederam o inicio de nossa aventura musical. E, isso se torna mais encantador a meus olhos, pois trata-se essencialmente, de 5 amigos que acordaram em mais um dia para se encontrarem e mostrarem a si mesmo e aos outros, tudo aquilo que acreditam...

Até... Gui

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